Pesquisadores promovem inovação no cultivo de umbu na Caatinga mineira
sexta-feira, 06/12/24Por Filipe Diniz
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Estudos da Epamig têm oportunizado melhorias no desenvolvimento e produção da fruta no Norte de Minas
Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), desde a década de 1980, atuam na identificação e montagem de uma coleção de umbuzeiros, no Norte de Minas Gerais. Estas plantas são apontadas pela comunidade local como sendo especiais, por produzirem frutos de alta qualidade.
Essa coleção de plantas de umbu é utilizada para selecionar as variações mais produtivas e de frutos mais saborosos, mantendo-as protegidas e disponíveis para estudos científicos.
Conhecido como “árvore sagrada do sertão”, o umbuzeiro destaca-se pela grande capacidade de adaptação e existência em climas secos. Explorado em condição de extrativismo, é uma importante alternativa de cultivo para as regiões que sofrem de escassez hídrica, como o Norte do estado.
Em vista disso, os pesquisadores agropecuários realizam estudos de preservação do material genético do umbu, inclusive, para a produção de milhares de mudas. No caso, a reprodução vegetativa utilizada nesta tarefa é o de enxertia.
Segundo a pesquisadora em Fruticultura da Epamig, Maria Geralda Vilela Rodrigues, as mudas de umbu enxertadas começam a dar frutos a partir de quatro anos após o transplantio. Já as produzidas pelo sistema tradicional de cultivo demoram cerca de dez anos.
“Com a redução desse tempo de desenvolvimento é possível melhor aproveitar a água e os nutrientes do solo, aumentar o vigor da planta e otimizar os custos da produção agrícola. Por conseguinte, o sistema de enxertia proporciona melhor retorno financeiro aos produtores rurais”, explica a engenheira agrônoma filiada à Associação dos Pesquisadores Agropecuários da Epamig (Aspe).
Rodrigues ainda menciona que o conhecimento gerado pelas pesquisas de novas tecnologias agrícolas, por meio de avaliações do solo, clima e de práticas agroecológicas, muito contribui para a melhoria da agricultura familiar, assim como a qualidade do alimento consumido pela sociedade.
Umbu: fruto típico da Caatinga
O clima semiárido, predominante na região Norte mineira, é caracterizado pela distribuição irregular de chuvas (precipitação média de 750mm por ciclo chuvoso), associada às variáveis climáticas, como a evaporação, a temperatura média com altos índices, e a reduzida disponibilidade hídrica.
Além disso, a condição climática compreende dois biomas: o Cerrado e a Caatinga, sendo o último preponderante na área territorial, e onde desponta o umbuzeiro.
Vale observar que a Caatinga é única no mundo. Por conta disso, boa parte das espécies de animais e plantas originárias dela é encontrada apenas no Norte de Minas e na maioria dos estados do nordeste brasileiro, áreas de abrangência do ecossistema.
Nesse bioma, o solo seco nem sempre é pobre, já que a falta de água pluvial reduz as perdas de nutrientes e a erosão. Entretanto, algumas áreas são arenosas e pedregosas.
A distribuição irregular e também os menores volumes de precipitação também contribuem para o ressecamento da cobertura vegetal, pela influência da baixa infiltração de água no solo. Por isso, as plantas que possuem recursos de convivência com a seca, como o de armazenar água nas raízes, são comuns na Caatinga.
Umbuzeiro: árvore frutífera
O umbuzeiro, a árvore do fruto umbu, nativa da Caatinga, é uma dessas espécies que conservam água. Ela possui tronco curto, copa em formato de guarda-chuva e flores brancas, que têm néctar e alimentam as abelhas para a produção de mel.
O fruto é pequeno, normalmente com peso de 20g (mas pode passar de 70g), arredondado a ovalado, de coloração verde-amarelado e textura aveludada. De aroma doce e sabor levemente ácido, possui importantes propriedades nutricionais, sendo rico em vitamina C.
Ele é ideal para o consumo in natura (obtido diretamente da natureza) ou industrial, como no preparo de suco, polpa, geleia, sorvete e doces em geral.
Pelo fato do umbuzeiro ser de fácil manejo, desperta o interesse econômico de produtores rurais do Norte do estado, onde a disponibilidade de água limita as alternativas de cultivo de frutas na região, em condições de sequeiro. Por este motivo, o umbu que já faz parte da cultura do povo que o valoriza, apresenta alto potencial de cultivo.
Um dado adicional é que o período da safra da fruta inicia no mês de janeiro e vai até abril de cada ano.
Mais informações sobre o umbu e o cultivo podem ser adquiridas na revista Informe Agropecuário n.º 307/2019, editada por pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em livrariaepamig.com.br/produto/subcategoria/ia-307-umbuzeiro-a-fruteira-da-caatinga-2 .
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ASPE: Em defesa dos direitos e interesses dos Pesquisadores Agropecuários da Epamig.