Piscicultura sustentável em Minas Gerais se fortalece com pesquisa da Epamig e UFJF
Foto: Acervo/Giovanni Resende


Pesquisadores da empresa e da universidade investigaram emissões de gases de efeito estufa para uma produção de peixes mais limpa

Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) concluíram um importante estudo que busca estimar e reduzir a saída de gases causadores do efeito estufa nas atividades de piscicultura (criação de peixes) do estado.

A iniciativa, conduzida em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), visa quantificar a liberação de metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e dióxido de carbono (CO2) em diferentes sistemas de cultivo aquático, com o objetivo de promover práticas mais sustentáveis na produção de peixes.

O pesquisador da Epamig, Giovanni Resende, e o professor da UFJF, Nathan Barros, lideraram esse importante acordo de colaboração técnica entre as instituições, o qual foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Resende explica que a pesquisa foi essencial para fornecer dados concretos sobre o impacto ambiental da piscicultura em Minas Gerais, e para encontrar novas maneiras de melhorar a situação. Barros também esclarece que foi importante compreender como diferentes manejos e sistemas de produção influenciam a liberação desses gases.

Com a avaliação final dessas informações, acrescida da relevante parceria estratégica entre as instituições de fomento, será possível desenvolver e recomendar práticas que permitam aos produtores rurais conciliar a atividade econômica, com a preservação ambiental.

Análise detalhada das emissões da aquicultura

O estudo, intitulado “Emissões de gases de efeito estufa (CH4, N2O E CO2) por pisciculturas no estado de Minas Gerais: entender os fluxos para produzir de forma mais sustentável”, analisa diferentes tipos de criação em Minas Gerais, como os tanques feitos na terra (escavados) para criar carpa e tilápia em ambientes controlados.

Para isso, o Campo Experimental da Epamig em Leopoldina, na Zona da Mata mineira, foi escolhido como sede da pesquisa. A unidade possui os reservatórios de água e a infraestrutura de suporte necessária para os cientistas coletarem e prepararem as amostras, a fim de analisarem os dados dos gases, a qualidade da água, e a quantidade e o tipo de alimentação fornecida aos peixes.

“É muito importante entender as fontes dessas emissões para podermos agir de forma eficaz. A decomposição da matéria orgânica nos tanques é um processo natural, mas o manejo inadequado pode intensificar a liberação desses gases”, ressalta Giovanni Resende, o qual é associado à Associação dos Pesquisadores Agropecuários da Epamig (Aspe).

Além disso, o estudo observa como as novas tecnologias usadas no setor, como os sistemas que reutilizam a água, podem não só diminuir o consumo do líquido, mas também mudar a quantidade de gases liberados pelas pisciculturas.

Atividade econômica sustentável

A pesquisa desenvolvida pelos pesquisadores é um passo importante para consolidar a piscicultura como uma atividade econômica que respeita o meio ambiente em Minas Gerais. Ao fornecer informações embasadas cientificamente, o projeto também ajuda os produtores a adotarem práticas que diminuam o impacto ambiental, contribuindo para uma produção de alimentos mais limpa e eficiente.

“Acreditamos ser possível produzir peixes de forma economicamente viável e ambientalmente correta. Por isso, o conhecimento gerado por esta pesquisa será fundamental para guiar o setor e construir um futuro mais sustentável para a piscicultura mineira”, afirma Nathan Barros, que é professor do Departamento de Ecologia da UFJF.

Estudo complementar

Outro estudo em fase de conclusão avalia o impacto da produção de peixes, ao mapear o índice de sustentabilidade da aquicultura em todo o território de Minas Gerais. Ele é intitulado “Em busca da sustentabilidade da aquicultura em uma paisagem saudável: alcançando os objetivos de desenvolvimento sustentável de 2030”.

Essa pesquisa também conta com a coordenação geral do prof. Nathan Barros. Ao final do projeto será apresentado o diagnóstico da produção aquícola em Minas Gerais, bem como dos impactos decorrentes desta prática. Assim, informações como os locais de produção, espécies comumente utilizadas e as aptidões de cada região (em relação ao tipo de produção aquícola) serão apontadas.

Esses dados serão utilizados como base para subsidiar a definição de políticas públicas para o segmento, assim como para apresentação de propostas comerciais ao setor privado, visando a expansão sustentável do setor aquícola.

Ainda, o projeto possibilitará desenvolver novas tecnologias, além de permitir a elaboração de novas publicações cientificas, que possam colaborar com o entendimento do balanço de carbono, das emissões de gases e dos ciclos biogeoquímicos dos ambientes aquáticos continentais.

Produção alimentar e qualidade ambiental

Os temas das duas pesquisas em questão permitem elaborar soluções que visem o desenvolvimento sustentável da produção de alimentos, com o intuito de, inclusive, reduzir o quadro de fome no Brasil. O aumento da qualidade ambiental e da manutenção dos serviços ecossistêmicos também são fatores agregadores.

Assim, os resultados dos estudos da Epamig e da UFJF prometem trazer novas perspectivas para o manejo da piscicultura em Minas Gerais, mostrando o caminho para uma produção que respeita o meio ambiente e contribui para reduzir os gases do efeito estufa.

O empenho e o esforço dos pesquisadores agropecuários nesses projetos demonstram o compromisso dos profissionais com a inovação e a sustentabilidade do agronegócio mineiro, que pensa no futuro do planeta.

Equipe participante do acordo de colaboração técnica Epamig – UFJF

  1. Ana Paula Dalbem Barbosa – Pós-graduanda UFJF- Autora do artigo científico “Balanço de nutrientes de tanques de tilápia do Nilo e carpa capim: a policultura aumenta a retenção de nutrientes, reduzindo a sedimentação” (em processo de publicação);
  2. Anderson Machado de Melo Júnior – Mestrando UFJF – Autor do artigo científico “Baixa pegada de carbono na criação de tilápia do Nilo com aquicultura de recirculação” (publicado);
  3. André Megali Amado – Prof. UFJF;
  4. Arthur Carvalho Martins – Graduando UFJF;
  5. Ernandes Sobreira Oliveira Junior – Prof. UFMT;
  6. Fábio Roland – Prof. UFJF;
  7. Giovana Machado Cardoso – Graduanda UFJF;
  8. Giovanni Resende de Oliveira – Pesquisador Epamig;
  9. Ícaro Barbosa Alves – Doutorando UFJF – Autor do artigo científico “Emissões de CO2 e CH4 do ciclo de vida de sistemas de aquicultura de monocultura e policultura em lagoas” (em processo de publicação);
  10. Ive Santos Muzitano – Pesquisadora FIPERJ e bolsista Pós-Doc UFJF;
  11. Jonas Nasário da Costa – Pós-graduando UFJF;
  12. José Reinaldo Paranaíba – Bolsista Pós-Doc UFJF;
  13. Laís Coura Soranço – Pós-graduanda UFJF;
  14. Nathan Oliveira Barros – Prof. UFJF;
  15. Sarian Kosten – Profa da Holanda;
  16. Vitor Luís da Cunha Duque – Pós-graduando UFJF.

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ASPE: Em defesa dos direitos e interesses dos Pesquisadores Agropecuários da Epamig.